Animal Consciente

11 ago

Cientistas propõe agora que animais tem consciência de serem o que são. Isso poderia ser só mais um argumento para veganistas jogarem na sua cara toda aquela magreza e pele macia características de quem não utiliza um só produto de origem animal. Entretanto, paira no ar a chance de sermos a última geração a consumir animais. Podemos estar, nesse exato momento, entrando para a história da humanidade como os derradeiros humanos onívoros, aqueles que se aproveitavam de todos os camarões ecologicamente conscientes, simplesmente os colocando em tacinhas de coquetéis com molho rose.

Por mais que ainda seja uma proposta de um grupo de cientistas, não discordo do argumento. É óbvio que animais tem consciência do que são. Dúvido muito que uma vaca argentina, sem consciência alguma, daria bifes de chorizos tão gostosos como os feitos por elas. É preciso de uma lagosta com muita consciente para ter, debaixo de uma carapaça tão dura, uma carne tão saborosa. Salmões e atuns jamais seriam deliciosos como são se tivessem noção que suas vidas seriam somente nadar, nadar e nadar, sem que ninguém pudesse experimentá-los. Para salmões e atuns, morrer de velhice é que é sofrimento.

Não é o fato de animais sentirem emoções que deveria fazer com que não consumíssemos nada que vem deles. Afinal, os guepardos das savanas sabem muito bem o valor de um carpaccio de zebra e não estão nem ligando para o que elas acham disso. Nunca ouvi falar em baleias que se comoveram e solidariezaram com um cardume de sardinhas da mesma família que passava férias nas águas geladas do Pacífico Sul. Desconfio até que, se porcos tem almas e se elas vagam em busca de seus corpos, ficariam muito, muito felizes em como são tão bem aproveitados numa feijoada completa.

Tão pouco importa também o fato do homem ter mais consciência e poder que a maioria dos animais – porque nenhum animal é mais consciente do que a preguiça, que não tem pressa de nada porque sabe que, no fundo, não vale a pena tanto esforço. A evolução tá aí desde sempre, provando por A mais B, que só sobrevive quem está mais adaptado ao meio ambiente. No futuro, quando o homo sapiens evoluir, seremos todos taxados de “aquele animal que precisava de outros animais para sobreviver”. Triste julgamento. Felizes foram os dinossauros que, antes de entrarem na decadência da espécie, morreram sem que nennhuma outra espécie, nem a deles próprios, os julgassem por seus hábitos alimentares.

Diálogos Comigo

12 jul

– Eu sou bom em escrever diálogos.
– Quem disse?
– Eu mesmo.
– E desde quando você é parâmetro?
– Desde quando comecei a escrever esse diálogo entre eu e você, que sou eu mesmo.
– O que deixa muito mais fácil, não?
– De certa forma.
– De todas as formas.
– Não é tão fácil como você pensa.
– Nós pensamos.
– Oi?!
– Quando você fala você quer dizer eu também. No caso, você. Ou seja, nós.
– …
– Deixa pra lá. Mas, me diga, por que não é tão fácil?
– Porque eu sempre…
– Nós.
– Hein?!
– Esquece. Continua.
– Porque sempre que eu faço uma pergunta, tenho que ter uma resposta pronta.
– Nem sempre.
– Como não?
– …
– …
– Viu?
– Viu o que?
– Ah! Como você é burro!
– Nós.
– Nós o que?
– Nós somos burros.
– Ah, vá…

 

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– Daí que eu sou bom mesmo em começar diálogos.
– Como assim?
– Eu consigo começar bem um diálogo, mas não consigo pensar num desfecho bom.
– E por que você acha que consegue começar bem?
– Porque eu conheço boas palavras pra começar um diálogo.
– Quais?
– “Daí” é uma. Todo texto que começa com “Daí” tem grande potencial de ser bom.
– Não é o caso desse.
– Claro que é. Todo mundo que tá lendo isso agora tá pensando que vai ser um texto genial. No mínimo, bom.
– Mas esse diálogo não é bom.
– Não, não é. Mas tinha grande potencial.
– Só por causa do “Daí”?
– Exato.
– Se ele tinha potencial, por que ele não é bom?
– Porque o final é péssimo.
– E como você sabe que o final é ruim?
– Porque ele vai acabar numa hora que eu não gosto muito.
– Então termina depois.
– Não consigo. Eu sou só bom em começar diálogos.
– E daí?
– Daí que vai parecer muito com aqueles textos ruins, cheios de ideiazinhas, que começam e terminam com a mesma palavra.

 

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– Sabe o que eu tô pensando?
– Sei.
– Como você sabe? Eu te contei?
– Vou ter que explicar de novo?
– O que que eu tô pensando?
– Mais uma vez essa discussão?
– Vai. Responde. O que que eu tô pensando?
– Sério, me recuso a continuar nesse diálogo.
– Á-RRÁ. Você não sabe de nada.
– Claro que sei, idiota.
– Ah, é? Então no que eu tô pensando?
– Em como terminar esse diálogo.
– Mas… mas… mas como você teve a audácia de responder isso?
– Ué, tô errado?
– Não, não tá.
– Então por que eu fui audacioso?
– Porque a primeira pergunta era retórica.

Bom, Mesmo Quando Ruim

27 jan

Pizza e sexo, dizem por aí, são as únicas coisas boas mesmo quando são ruins. É o tipo de coisa que todo mundo quer, em qualquer hora ou momento. Alguns acham um absurdo comparar sexo e pizza, mas existem motivos de sobra para, pelo menos, igualá-los. Ambos você pode pedir pelo telefone, são melhores aproveitados com vinho e ficam ainda mais gostosos com chocolate. O prazer é maior no sexo e isso poderia ser o grande diferencial. Só que a pizza, mesmo tamanho família, dá pra comer sozinho.

É claro que a preferência vai ser sempre pelo sexo. Porém, existem ocasiões em que você pode escolher a pizza sem ser motivo de piada nas próximas duas encarnações. Exemplo: passou o dia bebendo em um churrasco da turma da faculdade que não teve sequer carvão. A morena-de-shortinho-e-decote que você não lembra o nome, mas sabe que terminou o namoro só para estar lá, oferece carona no final da noite, na mesma hora que chegam as pizzas. Você fica na dúvida sobre o que comer primeiro: marguerita ou portuguesa?

Apesar de parecer, classificar uma pizza como ruim não é mais fácil que classificar sexo ruim. Para estabelecer como tal, tem que chegar ao ponto de falar na cara. Você precisa dizer o que não gostou, o porquê, como ficaria melhor e falar que nem sobre decreto de uma epístola papal voltaria a comer aquilo. Isso também vale para o sexo, com uma grande possibilidade de levar um tapa na cara entre uma reclamação e outra. Só é mais comum dizer que uma pizza tá ruim porque dificilmente você vai comer uma na mesma cama que o pizzaiolo. E um pizzaiolo nunca vai convencer o grupo de amigos dele a não vender uma meia aliche, meia calabresa para você, como fazem as mulheres com suas amigas.

Algumas comidas bateram na trave de boas, mesmo quando ruins. Brigadeiro só saiu da lista depois que inventaram leite condensado dietético. Sushi ruim até passaria, se não fosse a salmonela. Guisado da avó nunca é ruim. Achava-se, por exemplo, que todo queijo fosse bom. Aí os nutricionistas encontraram o tofú e o mito caiu. Antes que encontrassem algum problema no sorvete, no rocambole de goiabada – também conhecido como bolo de rolo – e na costelinha de ripa, definiram, de uma vez por todas, que a pizza é hors concours; que, mesmo sendo uma invenção italiana, a pizza é o Pelé dos alimentos.

É claro que sexo e pizza trazem prazeres distintos. Uma noite de sexo nunca vai matar a sua fome. E se uma pizza, por mais suculenta que esteja, é o suficiente para saciar o seu apetite sexual, você é um prato cheio para qualquer psicanalista. Também é possível que as duas coisas ao mesmo tempo não seja uma boa ideia. Fazer sexo enquanto devora uma pizza, além de causar indigestão, é totalmente brochante. Mas não se prenda às convenções tradicionalistas da culinária e da sociedade. Invente, crie e não tenha medo de errar. Para sexo e pizza, não há receita certa e nem limites. E, se numa tentativa de inovar, a pizza ou o sexo ficarem ruins, não tem problema. Vai ser bom do mesmo jeito.

Chicletes

17 ago

Antes de ler, pare e responda: você está mascando chiclete? Então pode jogar fora porque, provavelmente, já perdeu o sabor. Agora me diz se você consegue entender esse seu ato repugnante de colocar componentes de petróleo e sabores artificiais na boca e transfomá-lo numa cáca nojenta e cheia de saliva?

Não é o fato de você gostar de morango que dá autorização de mascar chicletes sabor artificial de morango. Sabe o que é tão gostoso quanto chicletes sabor abacaxi? O próprio abacaxi! Não existe razão para você mascar algo que imita o sabor de frutas por 10 minutos. Em 5 minutos você consegue comer duas bananas, que são muito mais nutritivas e gostosas que o corante amarelo chamado Bubbaloo Banana.

E quem foi o grande sábio que deu a ideia de um chiclete de canela? Se não é boa naturalmente, não tinha jeito de ficar boa artificialmente. Não esqueça também das combinações de sabores que só fazem sentido para uma criança hiperativa. Essas, que não consegem se concentrar em um único sabor, ficam distraídas por alguns minutos tentando separar os sabores de mirtilo, noz de cola e kiwi silvestre, encontrados todos na mesma caixinha.

Existe uma família de chicletes (que não é a Addams) ‘naturais’. Vendidos em lojas de produtos verdes e naturais, esses chicletes trazem a promessa de não terem nenhuma parte artificial. Alguém precisa combater essa mentira. Esses chicletes são mais artificiais que os filhos do Gugu. Chicletes são naturalmente artificiais.

Deve existir alguma lei global que impede os chicletes de serem vendidos por unidade. Nunca ninguém comprou apenas um. Até mesmo quem compra aquela tradicional caixinha amarela está levando, na verdade, dois. Não satisfeitas, as pessoas fazem questão de oferecer chicletes e repassar esse péssimo hábito de ficar igual bode no pasto.

Só existem duas razões nesse mundo que dão autorização irrefutável para mascar chicletes: 1) problemas de arcada dentária, que exigem a mastigação como terapia; 2) ser o MacGyver e estar na urgência de fechar um vazamento. Caso não esteja nas condições acima, pode ir tirando esse chiclete imundo que você colocou na boca, logo depois de ter lido o primeiro parágrafo e jogado fora aquela coisa sem gosto.

Cansei de Delivery

29 nov

Cansei de Delivery. Juro que é verdade.

No começo eu até achei que a atendente do disk-pizza (se é que ainda tem hifen) tava querendo uma relação mais séria, mas era só interesse mesmo. Cansei de ter que descer pra pegar entrega, de reclamar da demora, de contar troco errado e, principalmente, de gastar dinheiro.

Tudo bem, ir no restaurante acaba sendo mais caro. Faz as contas: conta+10%+vallet+combustível sai mais caro que qualquer entrega. Só que tem dias, aqueles de ressaca, que esperar uma hora ou mais pra entrar no restaurante é um dos trabalhos esquecidos de Hércules (experimenta o Outback no almoço do sabadão).

Não é de hoje. Desde que vim morar sozinho em São Paulo, almoços de sábados e domingos transformaram-se em, ora em sono, ora em espera até às 18hrs pra pizzaria mais próxima começar a entregar. Morar com a mãe tem desses males: acostumar com uma coisa que ela NÃO vai fazer o resto da sua vida pra você. Culpa dela, não sua.

Parei com China in Box e pizzarias delivery das mais variadas qualidades (pedi uma vez duas pizzas por 26 dólares brasileiros, com refrigerante 2L, juro!) e comecei a operar o fogão. No começo era só uma boca. Aquecer a água do Miojo era moleza. Aí resolvi arriscar num arroz aqui, um purê de batatas ali e cheguei no passado dois do Miojo: macarrão não-instantâneo.

Aprendi que spaghetti de restaurante, quando compra no mercado, é só espaguete mesmo e alla bolognese é bolonhesa. Um passo depois na minha barra de progressão culinarísticas era fazer lasanha. Não lasaGNa. LaSANHA mesmo. Bolonhesa. E foi um novo passo porque aprendi a perder o medo de acender o forno no fósforo. Alguns amigos disseram que ficou razoavelmente boa, o que eu entendi como “ficou tão boa quanto uma lasanha de microondas da Sadia, que só demora 13 minutos pra ficar pronta”. Eu gastei um domingo todo, amigo.

Depois de muitos e muitos pratos, receitas, episódios de Larica Total e dois livros (Dona Benta e um do Jamie Oliver que não lembro qual), tive a idéia do famoso “e se eu fizesse isso num blog, com videolog”? Pois é, ficou no “e se…”. Queria fazer uma mistura de Paulo Tiefe&$#@#* (o cara do Larica) e Jamie Oliver, sabe? Uma coisa prática. Cozinha de guerrilha um pouco mais saudável, onde ninguém precisa tacar catchup em tudo pra poder disfarçar o gosto. Passou a idéia, passou a vontade, mas eu continuei cozinhando.

Até o dia que eu vi um concurso/contest pra futuros blogs que poderiam ser patrocinados pelo Blog Content, do Interney. Como não precisava existir o blog para fazer inscrição, eu fiz assim, meio na louca, só para não ficar naquela de “putz, eu sei que não vou ser chamado, mas vou me arrepender se não fizer”. Daí que passou, passou, passou, chegou o dia do evento em que os escolhidos iam ter 2 minutos pra apresentar pro @interney. E olha só: descobri que fui chamado pra ir lá 4 horas antes da apresentação, o que é razoavelmente suficiente para uma apresentação de 2 minutos, vai.

Fui lá com mais 5 pagar mico, dar a cara a tapa e falar na frente da “galera da internet”. O @interney escolheu três. O meu tava no meio. E sabe o que foi do caralho? É que eu não tenho a mínima idéia do nome que dei pro projeto no dia da inscrição e fiz uma apresentação com um nome nada a ver, mas que eu até gostei: Cansei de Delivery. Já até tá registrado no .com.br e aqui mesmo, no wordpress. Como não fazia idéia que ia ser chamado, só agora que tô começando a andar com as coisas. E por que eu tô escrevendo esse texto de menina-de-12-anos-fã-de-restart? Porque tinha que dar um blog atual pra inscrição e, até onde me consta, o único que tenho é esse aqui.

Se você parou porque veio direto do site do YouPIX, foi mal. Não ponha o #FAIL nos comentários. Me dá um tempinho, tipo assim, duas semanas. Quem sabe até lá eu consigo fazer, produzir e cozinhar alguma coisa pra iniciante. E aí, vocês preferem ovo frito no pão ou arroz white power no primeiro videolog?

Cazuza ou Grande Otelo?

13 ago

Mais uma eleição chega e você fica naquela dúvida. Nem tanto pelos cargos executivos. Afinal você tem que lembrar de alguém para falar mal e culpar nas próximas eleições. Mas atire a primeira pedra quem lembra aí de todos os vereadores, deputados e senadores que votou nas, pelo menos, duas últimas eleições. Pois é, quase impossível. E a culpa não é deles. Nunca é. A culpa é sua, eleitor, que não procura ler o Diário Oficial e ver a TV Câmara, esses dois meios de comunicação tão populares quanto o Dunga e tão empolgantes quanto Serra, Dilma e Marina jogando bocha bielorussa, valendo pela 4a. Divisão do Campeonato Nacional do Turcomenistão.

Daí que começam as campanhas políticas. Você começa a prestar mais atenção nos jornais, na TV, no sermão do padre na missa de domingo e, principalmente, nos debates. Pior: tem gente que, além de torcer no debate, vê resultado. Sério, como é que alguém pode dar vencedor num debate? Qual é a contagem de pontos oficial do debate? Acusou a opisição: 10 pontos; revidou na réplica: 15 pontos; estorou o tempo da tréplica: -5 pontos; é amigo do dono da emissora: venceu. Quer ver uma idéia legal para melhorar os debates? Torcida. Tinha que ser no meio de um ginásio (no caso de presidentes, Maracanã), ingresso na mão do cambista, bateria, vuvuzela e tudo o mais. Só que, ao invés de jogar o rolo de papel higiênico quando o seu candidato entrar em campo, joga no oponente, para dar a enteder que ele é um merda. E daí que ninguém vai ouvir o que cada um vai falar? Até o reveillon você não vai se lembrar mais de nada.

Vote Grande Otelo

Outra coisa que incomoda em época de eleição é esse pessoal dizendo “Não sei. Estou em cima do muro”. A única razão para ter tanta gente em cima do muro é o fato desse muro não ter cerca elétrica (o que é incabível para quem vota em urna eletrônica). Querido, qual é a sua dúvida? Você quer saber se ele vai continuar o plano ecônomico, se vai investir mais na educação ou se ele amigo do tio do seu cunhado? Ou você precisa de mais uns dias pra decidir entre Tiririca e Mulher Melão? Ou melhor: aquele ex-governador ladrão do seu Estado.

Opção 2Não acho que as eleições no Brasil não são democráticas. O problema não é esse. O problema é que elas não são divertidas, principalmente depois da urna eletrônica. Antigamente ainda dava pra votar no macaco Tião ou no Cacareco. Hoje em dia, com urnas eletrônicas, a única piada que você pode fazer é dizer que vai votar no Cazuza ou no Grande Othelo. Devia ter outra coisa mais animada para as eleições. Sou a favor, por exemplo, de uma outra forma de contagem de votos. Devia ser tipo a apuração das Escolas de Samba do Rio. Vai dizer que não ia ser legal? “Comissão de obra: 10. Dez por cento por fora. Mestre-Roubo e Porta-Moeda: nove e meio, mas nada que 10% da obra não resolvam. Evolução (de bens pessoais): 8 ponto 5. Milhões.” Tudo isso, é claro, com a voz do apurador dos votos no Rio. E narração do Cleber Machado, por favor.

Dia de eleição até que é legal. Geralmente acorda cedo porque você não encheu a cara no dia anterior (lembra da Lei Seca?). Enrola um pouquinho para ir no seu colégio eleitoral, porque chamar de zona é piada pronta. Sempre tem aquele almoço diferente. Se não está a família reuinida, é restaurante. Gente nas ruas, mais gente nos bares na contagem regressiva para dar cinco da tarde. Toda aquela apreensão se vai ser preciso segundo turno e, se for segundo turno, toda a apreensão pra chegada do Carnaval. Para os mais folgados, é só ficar jogado na cama, vendo os plantões na TV, só pra ver os famosos votarem. Enfim, é um domingo legal, diferente dos outros. Só o que estraga o dia da eleição mesmo é ter que votar.

Não. Celular no avião, não.

20 jan

Sinceramente? Eu sou muito a favor de proibição de celulares em aviões. Sério mesmo. Ainda mais em épocas de passagens baratas. Já pensou o número de fudidos ligando pra dizer que estão “vuando”? Na boa, pra que você precisa de um celular ligado num avião? Não é como no carro que, de minuto em minuto, alguém te liga pra saber onde está. “Olha, a gente acabou de passar na fronteira de Goias com Minas. Já estamos chegando.” E se for pra dizer que vai atrasar, dane-se. Se tem alguém te esperando no aeroporto, é só ver na tela de aviso o número do vôo e ver se está no horário ou atrasado. Pronto, é isso. Mas imagina se liberam isso. Ligação para você.

– Alô?
– Oi, Fulano. Onde você tá?
– Cara, no avião.
– Mas aonde? Em que local?
– Sei lá.
– Mas vai atrasar?
– Eu realmente não sei.
– Por que se atrasar eu não vou poder esperar aqui no aeroporto.
– Peraí que eu vou mandar o piloto acelerar aqui, beleza?

Pra que usar telefone dentro de um avião, meu Deus? “Hum! Esse lanche não tá bom. Vou pedir uma pizza. Alô? Vê uma pizza metade calabresa e a outra metade portuguesa. Não, não. Portuguesa tem ovo e ai no avião é meio ruim. Vê a outra metade presunto mesmo. A entrega? Olha, se correr ainda dá pra deixar no aeroporto de Brasília, que é onde eu vou fazer conexão.”E aí vai ter gente que vai dizer: “Mas se for alguma urgência?” Dane-se. Que tipo de urgência você vai conseguir resolver num meio de um vôo? “Aeromoça, por favor: Você pode trazer um copo de água? É que a minha casa tá pegando fogo a 30.000 pés de altura. Pede pro piloto passar bem em cima pra eu poder apagar o incêndio.”

Eu sou a favor de tudo dentro do avião: Laptop, Nintendo DS, PSP, cigarro, sexo, cigarro depois do sexo etc. Menos celular. A não ser que permitam o celular somente durante o vôo. Se você só pudesse usar celular numa viagem de avião eu concordaria 100%. Assim que o avião pousasse, a comissária falaria: “É terminantemente proibido o uso de aparelhos celulares em terra. A ANAC só recomenda o uso de aparelhos celulares acima dos 20.000 pés de altitude.”

A Arte de Procrastinas ou Como Eu Parei de Enrolar para Escrever Esse Texto

5 out

Procrastinar é uma arte. Não fazer amanhã aquilo que você pode fazer depois de amanhã tem lá seus desafios. O ato de enrolar até a última hora exige muita criatividade e jogo de cintura. A humanidade é a maior prova disso. Grandes mudanças só ocorreram nas vésperas do pior acontecer. E se aconteceu, é sinal que não era tão pior assim. Tanto que ainda estamos por aqui.

Não confunda procrastinação com pregruiça. Aliás, chamar alguém de preguiçoso não deveria ser uma ofensa. A preguiça não é pecado. Se bem praticada, a preguiça é uma dádiva. Os preguiçosos conseguem apreciar mais do que ninguém cada minuto da vida. Principalmente aqueles cinco minutinhos que ficam entre o despetador e o olhos abertos.

Também não confundir procrastinador artista com artista procrastinador. O procrastinador artista é aquele que mede exatamente o tempo entre o “Cedo demais” e o “Me fodi”. Já o artista procrastinador é o profissional da arte que enrola para fazer seu trabalho. Com raríssimas exceções – desconhecidas até hoje – artista procrastinador é um pleonamo. E do vicioso.

O procrastinador autêntico, o de raiz, tem timing. Mais do que ninguém ele sabe quando começar um trabalho, mesmo que falte dez minutos. Quem procrastina bem está um passo a frente das Leis de Murphy. É o único vício que o dependente sabe a hora de parar. Prazo curto é a maior liga do procrastinador. Não é a toa que passar muito tempo de férias é entediante. Não tem prazos estourando.

O que não vale é procrastinar a troco de nada. A má procrastinação é a que não tem justificativas. Se você enrola para ver o jogo do domingo, tudo bem, pelo menos você torceu e se divertiu. Agora se você continua vendo Faustão depois, aí não tem como forçar. Você pode enrolar para ler Douglas Adams, mas não para Paulo Coelho. Você deve assistir O Poderoso Chefão pela vigésima vez, mas Rambo IV pela primeira é desperdiçar tempo.

Infelizmente algumas pessoas não entendem essa arte. Pensam que qualquer distração é procrastinar. Mentira. Para se tornar um procrastinador artista existe uma regra básica: só procrastine por algo que seja mais interessante que suas prioridades. Sexo é a melhor forma de procrastinar porque, se você não consegue cumprir o prazo, pelo menos você não se fode sozinho.

Para se tornar um grande procrastinador artista é preciso treino. Muitas pessoas tem esse talento nato. Outras aprendem com o tempo. No fundo, a arte da procrastinação é igual a todas. Depende muito mais da intenção do que da interpretação. Quem vê essa arte sendo feita precisa entender o porquê. Senão é como alguém que vê uma obra de Picasso sem ter conhecimento: “É um espanhol maluco que teve preguiça de pintar um quadro direito.”

De Mim para Mim Mesmo

3 set

Tava vendo um dia desses que 70% das postagens em blogs do mundo todo são do blogueiro se justificando sobre o atraso das postagens. Para quem tem blog, não é nada estranho. O problema é que a justificativa sempre vai para ninguém. Absolutamente ninguém.

Sou blogueiro consciente. Sei que não teve nenhum maluco acessando isso daqui diariamente, quiça semanalmente, esperando nova postagem. Nem eu entrei. Até mesmo porque eu, mais do que ninguém, sabia que não tinha nada novo, né não? E se alguém entrou nesse tempo sem nada, com certeza perdeu um tempo precioso da própria vida.

Mas nem tem tanto tempo que eu estou sem postar. O último post foi no dia ou logo depois da morte do Michael Jackson. E ele foi enterrado hoje. Ou seja, ela foi pra debaixo da terra como veio ao mundo: negro. Não tem dose de formol que aguente todo esse tempo. E nem mumificado ele pode ser porque ele já morreu uma múmia.

Bom, mas ao que tudo indica, as novidades prometidas a dois posts atrás estão sendo devidamente planejadas e articuladas. E da mesma forma que eu me justifiquei pra ninguém, eu vou criar a expectativa também pra ninguém. O que é muito bom, porque a única pessoa que teria expectativa sobre alguma coisa seria eu, o que é impossível, já que as novidades todas são de dentro da minha cabeça.

Enfim, é isso. Daqui a algumas semanas esse blog terá um padrão um pouco melhor, uma coisa mais profissa, mais problogger. Espero que alguém, além de mim, me cobre isso. Num futuro próximo a idéia é que esse blog vire um site agradável para ser acessado diaremente, sempre com novas informações.

Ou não.

Don’t Stop ‘Til Get Enough

26 jun

Acho que todas as piadas possíveis já foram feitas para a morte de Michael Jackson. As que virão serão igualmente engraçadas, mas já perdem muito sem o calor da notícia. Escrever em blogs, twitters, myspaces, facebooks, orkuts etc. é mais do que redundante hoje. É mais do que um pleonamos vicioso. É necessário.

MJ não foi foda. Ele ainda é foda. Como toda grande estrela – e acredite, ele foi uma das maiores – o mito vai prevalecer por muitos séculos. Excesso de fanatismo? Creio que não. Mas é impossível não reconhecer o que foi Michael Jackson. Uma estrela que já vinha se apagando a um bom tempo. Só que quando entrou em supernova, mostrou mais uma vez porque ainda era uma estrela.

Comparações com outros artistas são desnecessárias. Cada um viveu seu auge em sua época e dizer quem foi melhor é incompreensível. Porém é preciso ter respeito não só por ter feito o albúm mais vendido do mundo, mas também pelo talento. Nunca haverá um albúm que venda mais que Thriller. Nunca haverá um novo fenomeno POP como Michael.

Jamais vou esquecer das horas que gastei vendo repetidamente os LDs – sim, um dia os Laser Discs existiram – que eu tinha de MJ. O moonwalker do clipe de Billie Jean, com as fotos da Polaroid do espião. O gongo tocado por Magic Johnson em Remember the Time e o ciúme que MJ provocou no rei interpretado por Eddie Murphy. A destruição do carro e a transformação em pantera em Black or White. Na coreografia inimitável – mas que muitos sabem alguns passos – de Thriller. Enfim, poderia citar muitas outras cenas que estão cravadas na minha cabeça até hoje.

Não sei se era dúvida a alguém, mas nunca mais haverá um artista com o tamanho do sucesso de Michael Jackson. Nunca. E não é só pela falta de surgimento de novos talentos. O mundo viveu o apogeu do POP com MJ e tudo o que veio depois não fará nem feridas em seu reinado. Essa foi uma monarquia muito parecida com muitas outras: escândalos, excessos, acusações, especulações, mundo de fadas. Mas o que diferencia essa das outras é que nessa o rei morreu, mas ninguém ousará assumir esse trono.